Em 1995 os consoles de 8 bits já estavam mais do que obsoletos. Só para se ter uma idéia, o Mega Drive, lançado em 1992, era de 16 Bits. O interesse naquela época era por computadores. Naquele ano a "sensação" era ter um computador com processador Intel 486 ou Pentium 100, ou AMD K6, com Windows 95 instalado. Em seguida, o que as pessoas faziam para jogar era recorrer às bancas de jornais por edições com CD repletos de jogos e aplicativos.
Portanto, à primeira vista a Dynacom estava na contra-mão da tendência global de proliferação dos computadores desktops e lançou o Magic Computer PC95. A diferença, porém, era o preço: um desktop saia muito mais caro do que o Magic Computer PC95. Além disso, este produto era voltado ao público infantil, não ao adulto. Enquanto um desktop ainda era inacessível para a maioria das pessoas em 1995, o Magic Computer PC95 tinha a proposta de trazer a informática ao alcance de todos.
Este computador possui o formato de um teclado convencional de um computador, com slot para cartucho de memória, vinha acompanhado de um joystick (muito parecido com a do Mega Drive 16-Bits), fonte de alimentação e um cabo de conexão RF. Ao ligar o aparelho, a tela inicial, em grande medida, é razoalvemente parecida com a do Windows 3.11 (naquela época, era mais popular do que o Windows 95). Este computador possui 16 programas instalados. Tais programas se dividem entre jogos, aplicativos para prática de digitação, calculadora, editor de texto e até mesmo programador de linguagem F-Basic e G-Basic (eu particularmente só conheci o Q-Basic da Microsoft, não conheço a diferença entre estes dois).
Os programas que vem instalados no Magic Computer PC95 são:
- Teste de matemática;
- Exercício de digitação;
- Jogo de datilografia;
- Quadro de recados;
- Exercício de datilografia;
- Porter (Jogo);
- G-BASIC;
- F-BASIC;
- Magic Carpet (Jogo);
- Calendário (Com datas entre 1/1/1995 e 31/12/2004);
- Editor de texto;
- Calculadora;
- Sala de som;
- Ballon Monster (Jogo);
- Quadro de cálculo;
- Compositor musical;
O único programa que eu achei interessante foi o Magic Carpet, que é jogado com o joystick. Neste jogo, um personagem, cujos movimentos são manipulados pelo usuário do aparelho, atira contra "inimigos" (moscas, abelhas e ursos). Este personagem parece um árabe voando em um tapete. O jogo Ballon Monster consiste em uma "bolha de sabão" que cai de cima da tela e o usuário tem que destruir estas bolhas até que não sobre nenhuma. Já o Porter, o usuário tem que mover umas caixas dentro de um labirinto para cima de estrelas marcadas na tela.
Pensando em termos de uma criança, eu considero estes jogos difíceis. Por outro lado, muitos jogos do Atari também eram difíceis e eram legais de jogar. Talvez uma criança daquela época se interessaria em jogar estes jogos, hoje não sei. Existia um adaptador (no meu não veio) e você poderia colocar cartuchos do Nintendo e usar o Magic Computer PC95 como se fosse um vídeo game Nintendo. Este aspecto tornava o Magic Computer PC95 mais interessante.
No que diz respeito à programação, eu sei que originalmente, além do manual de instruções, vinha também um manual de programação em Basic. Este computador que eu tenho não veio com nada disso, pois eu o comprei de segunda mão. Procurei estes manuais na internet e não os encontrei.
Com relação aos outros programas, o Editor de Texto não tem nenhum recurso e a experiência é pior do que usar o programa EDIT do MS-DOS. De qualquer forma, aparentemente é possível salvar o texto no cartucho de memória ou imprimir ele. Os acentos do teclado não funcionam no editor de texto. Outro programa que vem instalado é o Sala de Som, no qual tem a imagem de um rack de som muito comum nos anos 80/90. Mas no desenho fica parecendo que ele reproduz CD's e isto não é verdade. Este programa só reproduz arquivos MIDI. Aí fica a pergunta: como o usuário consegue carregar arquivos MIDI de outra máquina para a sua? Não existe esta opção, ao menos que, duas pessoas que possuam este mesmo aparelho. Neste caso, uma criaria um arquivo, para depois salvar no cartucho e então emprestar o cartucho para outra pessoa, que o reproduziria na sua máquina. Isso é interessante de se analisar porque talvez seja o que tenha inviabilizado o Magic Computer PC95, uma vez que já naquela época as pessoas salvavam seus arquivos em disquetes de 3.5 polegadas, sendo esta a modalidade mais comum de transferir arquivos entre pessoas naquela época. Outra forma razoavelmente comum de transferência de arquivos era por meio de uma conexão dial-up entre dois computadores ou com uma BBS, mas o Magic Computer PC95 não se conecta diretamente em rede ou com outras máquinas. Por fim, tem ainda o Compositor musical, este programa é interessante para compor e reproduzir músicas a partir de notas musicais. Neste caso, é possível salvar as músicas no cartucho também.
O cartucho de memória funciona com uma bateria CR-2022 em seu interior. Quando acaba esta bateria, os arquivos armazenados na memória se apagam. Neste cartucho tem uma etiqueta com a recomendação de trocar a bateria interna a cada 2 anos. Este cartucho tem capacidade de 256KB.
Eu não tenho uma impressora para testar, mas este computador é compatível aos modelos fabricados pela Centronics. Na parte de trás, além da conexão da impressora, tem as saídas RCA para áudio, vídeo e RF. A fonte é externa e você pluga o cabo também na parte de trás. Meu computador só veio com 1 joystic, não sei se originalmente ele vinha com 2 joystics, mas ele tem uma entrada de cabo em cada lado do aparelho.
Confira abaixo print screen do Magic Computer PC95 (clique para ampliar).
Tela inicial e tela principal, onde a sigla ASDER fica em "evidência"
Teste de matemática: Você escolhe o nível de dificuldade e na próxima tela aparecem os desafios. Você preenche os valores e depois ele confere o que está certo ou errado.
Exercício de datilografia: Neste jogo o computador indica qual tecla você deve pressionar no teclado. Na parte de cima tem um score que registra os acertos e a quantidade de letras que você pressionou.
Jogo de datilografia: possui o mesmo princípio que o Exercício de Datilografia, mas o visual é menos "sério". Na imagem, uns ratos saem dos buracos e cada um tem um caractere na cabeça. Para acertar os ratos, você tem que digitar o caracter no teclado.
Quadro de recados: nesta tela você digita um texto e (teoricamente) pode salvar este texto no cartucho de memória. Esta tela possui animações como pássaros voando, coelho correndo e um pica-pau. Em "compensação", não tem nenhum recurso de edição de texto!
Exercício de digitação: nesta tela você escolhe entre A a E para praticar digitação de textos em Inglês ou entre F a J para praticar digitação de textos em português. Um dos problemas é que os textos possuem acento, mas quando você escreve com acento no teclado, ele não aparece direito na tela. Este erro ele interpreta como sendo "erro do usuário".
Porter: é um jogo de raciocínio e muito legal. Abaixo você vê a tela inicial e uma das fases do jogo. Você interpreta um personagem que tem que empurrar umas caixas sobre as estrelas. Este jogo você joga com o joystick.
G-Basic: Esse eu não soube mexer. Na verdade a última vez que eu mexi em Basic deve ter sido em 1993 ou 1994. Aqui você vê a tela inicial e a dos comandos. Pelo que sei, não dá pra gravar a programação no cartucho.
Magic Carpet: esta foi a melhor parte do Magic Computer PC95. Você interpreta um Alladin voando em um tapete e tem que acertar os inimigos. Abaixo você vê a tela inicial do jogo e a tela do jogo também.
Calendário: Bug do milênio é piada perto deste computador! O calendário dele só considera um horizonte de 10 anos! As datas vão somente entre 1/1/1995 até 31/12/2004. Na realidade eu não sei pra que serve este calendário, porque você escolhe o ano, e o mês, e depois chega numa tela que aparece os dias, mas não dá pra fazer anotações, só mostra o calendário do mês. Nem sei proque aparece essa caneta ao lado!
Editor de texto: melhor do que o quadro de recados. Os textos que são digitados aqui podem ser salvos no cartucho. Novamente, existe o problema de acentuação, ou seja, os acentos existem no teclado, mas não dá pra escrever na tela. Não existe quebra de texto. Para apagar um caractere, a tecla backspace funciona só até o início da linha e ela não continua para o fim da linha de cima.
Calculadora: todo computador tem que ter uma calculadora... bom, não tem muito o que falar dessa.
Sala de Som: reproduz músicas que você pode compor no Compositor Musical. Não tem como você pegar uma música de outro lugar e reproduzir, a menos que você tenha um amigo seu com este mesmo aparelho.
Balloon Monster: este jogo é legal também, cai uma bolha de sabão de cima e você tem que estourar as bolhas até acabar todas elas. Abaixo você vê a tela inicial do jogo e a primeira fase dele. Só dá pra jogar com joystick.
Calculator board: este aqui achei muito útil para uma criança. Você pode escrever equações por extenso e depois, ao pressionar F8, que representa o =, o computador faz todo o cálculo. Não tem como salvar no cartucho os cálculos.
Compositor musical: Outro bom programa, aqui você pode compor as músicas, escolher o tipo de instrumento e salvar a música no cartucho.
No início do ano de 1995, meu sonho de consumo era um 486 com Windows 3.11 instalado. Este era o computador que alguns amigos meus tinham, era o computador da minha escola e também era o computador que tinha num curso de informática que fiz em Campinas. Também era o computador que aparece no filme True Lies (1994). O Dynacom Magic Computer PC95 estaria completamente fora do meu objetivo de consumo daquela época e, aos 14 anos de idade, não acredito que eu fosse parte do público alvo deste tipo de aparelho.
O Magic Computer PC95 é um computador limitado. Como videogame ele oferece mais vantagens, porque a criança pode jogar os jogos do Nintendo.
Parte interna do Dynacom Magic Computer PC-95
Logo quando comprei este computador, eu cheguei a abrir para dar uma olhada na parte interna. Não mostrei no vídeo, mas as fotos estão abaixo (clique para ampliar):
Na mídia...
O Dynacom Magic Computer PC-95 chegou a sair na edição #100 de Dezembro de 1996 da Revista Ação Games. Trata-se de uma publicidade de página inteira, conforme você pode ver abaixo.
Caso queira ver a edição completa desta revista, acesse este link:
http://www.eletronicaparamakers.com.br/2020/06/revista-acao-games-edicao-110-dezembro-de-1996.html
Atualização: 17/06/2020
Consegui o manual de instruções deste computador. Para visualizar o PDF deste manual, acesse:
https://issuu.com/eletronicaparamakers/docs/manual_do_computador_dynacom_magic_computer_pc95
Parte interna do Dynacom Magic Computer PC-95
Logo quando comprei este computador, eu cheguei a abrir para dar uma olhada na parte interna. Não mostrei no vídeo, mas as fotos estão abaixo (clique para ampliar):
Na mídia...
O Dynacom Magic Computer PC-95 chegou a sair na edição #100 de Dezembro de 1996 da Revista Ação Games. Trata-se de uma publicidade de página inteira, conforme você pode ver abaixo.
Caso queira ver a edição completa desta revista, acesse este link:
http://www.eletronicaparamakers.com.br/2020/06/revista-acao-games-edicao-110-dezembro-de-1996.html
Atualização: 17/06/2020
Consegui o manual de instruções deste computador. Para visualizar o PDF deste manual, acesse:
https://issuu.com/eletronicaparamakers/docs/manual_do_computador_dynacom_magic_computer_pc95
Manual de Programação do G-Basic
ResponderExcluirhttps://sites.google.com/view/gbasic
https://datassette.nyc3.cdn.digitaloceanspaces.com/manuais/dynacom_magic_computer-programacao_basic.pdf